A psicopatia

  • Artigo publicado em: 27 abril, 2009
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Na novela Caminho das Índias, a atriz Letícia Sabatella interpreta Yvone, uma mulher de 30 e poucos anos. Desde o princípio percebe-se que a personagem não é lá muito confiável. Aos poucos ela se envolve com o marido de sua melhor amiga. Depois de mais uns meses, Yvone planeja forjar a morte de seu amante, para depois se apoderar de um montante que o mesmo esconde no exterior. Descrevendo a personagem desta maneira parece até ficha policial, não acham? Mas é mais ou menos isso mesmo. O psicopata planeja os seus passos com frieza e dissimulação. Acredito que a melhor definição para este tema é: “O psicopata é como o gato, que não pensa no que o rato sente. Ele só pensa em comida. A vantagem do rato sobre as vítimas do psicopata é que ele sempre sabe quem é o gato”. Ou seja, não importando o propósito, o psicopata vai finalizar o seu planejamento.
Algumas características do psicopata são o egocentrismo, a ausência de culpa e remorso, o excesso de razão e a inexistência de emoção. Dentro destas características a mentira é um dos atos mais recorrentes. Para sustentar uma mentira, o psicopata cria outras e mais outras, sempre para chegar aos seus objetivos. Por não sentir culpa, o psicopata atua e finge muito bem. Facilmente pode forjar um choro, tristeza ou qualquer outro sentimento que seja mais facilmente observável.
A grosso modo, o psicopata pode ser classificado em três graus. O primeiro deles, o leve, seria o conhecido 171 (estelionatário), o indivíduo que aplica pequenos golpes e engana as pessoas. O segundo grau, o moderado, seria o indivíduo que se envolve em grandes fraudes financeiras ou em golpes envolvendo muitas pessoas. O terceiro grau, o grave, seria a da categoria dos serial killers, que quase sempre envolvem requintes de crueldade. No Brasil já tivemos vários casos de serial killers, dentre eles o bandido da luz vermelha e o maníaco do parque. Há também muitos outros crimes que foram cometidos por prováveis psicopatas graves, como o caso Richthofen, o caso Eloá e tantos outros.
Os crimes envolvendo os psicopatas graves são repletos de requintes de crueldade. No caso do jornalista Tim Lopes, seus assassinos fizeram um ritual para cometer o crime. Utilizaram espadas, tortura e diversos artifícios de crueldade. Por fim, o corpo do jornalista foi queimado em um local denominado “microndas”. Essa categoria mais grave de psicopata pode ser descrita ainda como um predador humano, eles simplesmente “caçam” as suas vítimas como um animal feroz.
No cinema, o tema já foi retratado em diversos filmes. Dentre eles:
O Silêncio dos Inocentes (1991), personagem: Hannibal Lecter.

Foi um dos primeiros filmes a retratar a psicopatia com clareza e riqueza de detalhes.

 

Onde os fracos não tem vez (2007) , personagem: Anton Chigurh.

 

Ao meu ver, um dos melhores filmes sobre o tema. O personagem é uma tábua rasa, não apresenta absolutamente nenhuma emoção, é frio e dissimulado. O seu prazer está na captura e morte de seus alvos. Inclusive nesta cena, ele mata um homem com uma “arma de co2”.

Infelizmente ainda não há cura para a psicopatia. Um dos maiores estudiosos do mundo sobre o tema, o psicólogo canadense Robert Hare, criador da escala de graduação da psicopatia, está prestes a lançar mais um modelo de tratamento, que terá como objetivo a redução de danos. Em entrevista à revista Veja, Robert Hare levanta alguns pontos interessantes sobre o tema.

No Brasil, posso citar a psiquiatra e escritora Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, que escreveu o livro Mentes Perigosas, como ela mesma diz, um verdadeiro guia de sobrevivência.

Tenham um bom dia!


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Leia também a entrevista que concedi ao Jornal Comunicação On-Line da UFPR: Psicopata: mente cruel em rosto agradável.

Leonardo Fd Araujo CRP 08/10907
Psicólogo e Coach
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