O Vício em Apostas Online: Como Buscar Ajuda?
- Artigo publicado em: 19 março, 2025
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Nos últimos anos os jogos de azar cresceram exponencialmente, tornando-se uma febre entre os brasileiros, movimentando mais de R$100 bilhões no ano passado. O apelo e as promessas de dinheiro fácil e emoção garantida, milhões de pessoas se entregam ao jogo, sem perceber os riscos envolvidos. O vício em apostas pode causar danos financeiros, emocionais e sociais profundos. Mas afinal, como saber se você ou alguém próximo está desenvolvendo um problema com jogos de azar? E mais importante: como buscar ajuda? Te convido a acompanhar esse breve artigo sobre o tema, boa leitura!
Como o Vício em Apostas Online Se Desenvolve?
A compulsão por apostas esportivas, jogos e cassinos online não surge do nada. Ela ocorre de forma progressiva, passando por diferentes estágios. Inicialmente, o jogador aposta por diversão, aproveitando pequenos ganhos. Com o tempo, a necessidade de recuperar perdas ou sentir novamente a adrenalina da vitória leva a apostas cada vez maiores. Esse ciclo vicioso é reforçado pelo próprio sistema das plataformas, que utilizam algoritmos para manter o usuário engajado. O fato de o sistema aparentar ser algo divertido e inofensivo, também acaba sendo um ponto importante de reflexão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o transtorno do jogo patológico afeta cerca de 1% da população mundial, mas a taxa pode ser ainda maior em países onde as apostas são amplamente divulgadas e incentivadas como é o caso do Brasil. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)1, entre 3% e 5% dos apostadores desenvolvem um comportamento patológico ligado ao jogo, precisando de tratamento especializado.
Por que as apostas viciam?
A Ludopatia, termo técnico usado para o vício em jogos de azar, acontece porque o desafio e a excitação provocados pelas apostas estimulam o cérebro de forma semelhante a substâncias psicoativas. Assim como acontece com drogas e álcool, o jogo ativa intensamente o sistema de recompensa, levando à dependência.
Os cassinos, casas de apostas e jogos online são projetados para manter o jogador envolvido, utilizando mecânicas como eventos de “quase-ganho” e recompensas imprevisíveis. Esse efeito cria uma falsa sensação de controle e de que a vitória está sempre por um triz, incentivando o jogador a continuar apostando.
Além disso, cada aposta ativa a liberação de dopamina, o neurotransmissor ligado ao prazer e à motivação. Com o tempo, o cérebro se adapta e desenvolve tolerância, exigindo apostas cada vez maiores para gerar a mesma sensação de euforia. Esse ciclo leva o indivíduo a correr riscos crescentes, muitas vezes resultando em perdas financeiras e impactos profundos na vida do apostador.
Os Sinais de Alerta do Vício em Jogos de Azar
Muitas pessoas não percebem que estão viciadas em apostas até que os danos se tornem irreversíveis ou grandes o bastante para trazer muitos problemas. Alguns sinais importantes que podem servir de alerta incluem:
- Dificuldade em controlar a frequência e o valor das apostas.
- Mentiras para familiares e amigos sobre o dinheiro gasto.
- Uso de empréstimos ou cartão de crédito para continuar jogando.
- Cria situações para que amigos ou familiares emprestem dinheiro.
- Sintomas de abstinência, como ansiedade e irritabilidade ao tentar parar.
- Preocupação excessiva com o jogo, a ponto de afetar as relações familiares, trabalho e até a saúde.
- Negligência de responsabilidades familiares e profissionais. Deixar de pagar contas, cuidar da família e de si próprio.
- A pessoa começa a aparentar um aspecto de estar doente. Pode emagrecer ou engordar, cuidar menos da aparência e até mesmo da higiene pessoal. Há uma deterioração geral da saúde.
Se você se identifica com esses sinais ou conhece alguém nessa situação, é hora de buscar ajuda profissional!
O Impacto Psicológico e Social do Jogo Compulsivo
O vício em apostas online afeta não apenas o jogador, mas também sua família, amigos e até o ambiente de trabalho. As pessoas viciadas em jogo têm uma maior propensão a desenvolver depressão, ansiedade e comportamentos impulsivos. A perda financeira contínua pode levar a crises conjugais, afastamento de entes queridos e até ao envolvimento com atividades ilícitas para sustentar o hábito. Neste meio tempo, é comum que o jogador desenvolva outros vícios, a fim de aplacar a “busca incessante por prazer”. A liberação de dopamina no cérebro durante a aposta cria um efeito viciante, tornando cada perda ou ganho um estímulo para continuar jogando. Esse mecanismo da dopamina torna-se uma “busca incessante pelo prazer”.
O Papel da Indústria das Apostas Online
As casas de apostas e cassinos online investem pesadamente em publicidade e estratégias psicológicas para manter seus jogadores ativos. Aqui entra um estudo profundo e muito bem articulado de engenharia social, onde planos são desenvolvidos para oferecer ao jogador sempre que quiser jogar. Muitas plataformas oferecem bônus de boas-vindas, cashback e promoções tentadoras, que incentivam o usuário a apostar cada vez mais. Além disso, a acessibilidade – com jogos disponíveis a qualquer hora do dia – torna ainda mais difícil controlar o impulso de jogar. As plataformas também utilizam figuras públicas ligadas ao esporte e a música, a fim de passar um ar de credibilidade e positividade.
Há uma infinidade de plataformas atualmente, dentro e fora do Brasil. Algumas misturam casa de apostas online, as conhecidas bets, com cassinos. Outras são puramente uma modalidade como o jogo do Tigrinho ou Aviãozinho. Independente da marca ou site, todos tem a mesma função: conseguir fixar o jogador para que jogue e fique o máximo de tempo possível online.
Importante entender que a “banca sempre vence”, e farão tudo o que for possível para arrancar o máximo de dinheiro do jogador! Lembrem, é tudo uma questão de engenharia social!
Outro ponto é atrelar o jogo de azar, as bets, com o esporte mais popular do planeta, o futebol. Campeonatos, times e atletas acabam fazendo parte desta indústria, sendo patrocinados e até mesmo fazendo propagandas ativas para as plataformas. Essa ligação do futebol com apostas não é nova, porém até o advento das plataformas online era algo velado e ilegal no Brasil. Em países como a Inglaterra as casas de apostas esportivas físicas funcionam há muito tempo, equivalendo a nossas casas lotéricas. Por lá há uma crescente preocupação com os impactos sociais do jogo de azar.
Um relatório da Revista Lancet Psychiatry2 revelou que 90% da receita das casas de apostas vem de apenas 5% dos jogadores, indicando que uma pequena parcela da população sustenta a lucratividade dessas empresas, muitas vezes à custa do próprio bem-estar. Aqui está parte do resultado da engenharia social, conseguem cativar e lucrar em cima de apenas 5% dos jogadores, que em boa parte estão viciados em jogo.
Como Parar de Apostar? Estratégias e Tratamento Para o Vício em Apostas
A recuperação do vício em apostas não é simples, mas é possível com o suporte adequado. Um dos primeiros passos é a autoexclusão, um recurso oferecido por muitos sites de apostas que permite bloquear a própria conta, dificultando o acesso e reduzindo as chances de recaída. Além disso, grupos de apoio como os Jogadores Anônimos desempenham um papel fundamental no processo, proporcionando um ambiente de acolhimento onde os participantes compartilham experiências e encontram apoio mútuo para abandonar o jogo.
Outro aspecto essencial da recuperação é a psicoterapia especializada. O psicólogo Leonardo Fd Araujo, em Curitiba, atende pessoas que enfrentam o vício em apostas, ajudando-as a compreender os gatilhos emocionais que levam ao jogo compulsivo e a desenvolver estratégias eficazes para retomar o controle da própria vida. O acompanhamento psicológico não apenas auxilia na superação do vício, mas também fortalece o indivíduo para evitar recaídas e reconstruir sua rotina de forma mais saudável.
A Importância dos Grupos de Apoio
Além do tratamento psicológico individual, os grupos de apoio, como o Jogadores Anônimos (JA), desempenham um papel fundamental na recuperação de pessoas viciadas em jogos de azar. O JA segue os mesmos princípios dos Alcoólicos Anônimos (AA), utilizando um programa de 12 passos que ajuda os participantes a lidarem com o vício e reconstruírem suas vidas.
Nestes grupos, os membros compartilham suas experiências, dificuldades e conquistas, criando um ambiente de suporte mútuo. O apoio social é um dos fatores mais importantes para a recuperação, pois reduz a sensação de isolamento e fortalece a motivação para abandonar o jogo compulsivo. Se você ou alguém que conhece precisa de ajuda, participar de um grupo como o Jogadores Anônimos pode ser um primeiro passo essencial na jornada para a recuperação.
O Papel da Família no Tratamento
Geralmente, a primeira pessoa que nos procura para atendimento psicológico é um familiar próximo. As histórias que chegam são de dor, desesperança e sofrimento por não saber o que fazer para ajudar seu familiar que está viciado em jogos de azar. A partir deste primeiro acolhimento, oferecemos diversas orientações para que sirvam de incentivo para o jogador venha para um primeiro atendimento. Essa ponte entre o psicólogo – familiar – paciente é muito importante, pois dificilmente o jogador compulsivo irá buscar ajuda profissional sozinho. Em alguns casos acabam pedindo ajuda para um familiar (uma mãe, esposa…) e este nos procura para realizar um primeiro atendimento.
No dia a dia em casa, ter o apoio de familiares e amigos é fundamental para o bom andamento da terapia para o jogo patológico. Em determinada etapa é importante a presença de ao menos um familiar próximo para que possamos repassar as orientações e colher mais informações. Maridos, esposas, filhos, pais e mães, não importa quem será o guardião desta missão, mas saiba que é algo muito importante para a recuperação do seu ente querido ter você como um porto seguro!
Costumo colocar aos meus clientes que é preciso ter “rotas de fuga seguras”, que nada mais são do que 3 ou 4 pessoas chave, que não importando a hora do dia, as quais você poderá pedir ajuda.
Pode ser um amigo, uma namorada, uma mãe. Mas que seja uma pessoa orientada e que saiba quais estratégias seguir naquele momento de socorro. Sempre estamos disponíveis a marcar uma sessão, individualmente ou em conjunto, com uma ou mais dessas pessoas chave, escolhidas pelo cliente que está em terapia.
Buscando Ajuda: O Primeiro Passo Para a Recuperação
Se você ou alguém próximo está sofrendo com o vício em apostas esportivas, bets, tigrinho, aviãozinho ou cassinos online, saiba que há saída! O tratamento com um profissional qualificado pode ser o diferencial para recuperar o controle da sua vida financeira e emocional.
O psicólogo Leonardo Fd Araujo, em Curitiba, oferece atendimento especializado para ajudar pessoas que enfrentam esse problema. Não espere até que as consequências sejam irreversíveis. Entre em contato e dê o primeiro passo! Atendimentos presenciais em nosso consultório no Bigorrilho e On-line de onde você estiver, dentro e fora do Brasil!
Pode contar comigo!
Leonardo Fd Araujo – Doctoralia.com.br
Leonardo Fd Araujo
Psicólogo em Curitiba CRP 08/10907
Terapia | Terapia Online | Palestras
Avaliação Psicológica para Vasectomia
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Bigorrilho, Curitiba – PR
Para citações:
ARAUJO, Leonardo Fd. O Vício em Apostas Online: Como Buscar Ajuda? In: LEONARDO Fd Araujo | Psicologia. 19 mar. 2025. Disponível em: https://psicologoemcuritiba.com.br/2025/03/o-vicio-em-apostas-online-como-buscar-ajuda/ Acesso em:
Fontes:
- Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – Pesquisa sobre o impacto das apostas esportivas no Brasil 2023
- Revista Lancet – Estudo sobre a relação entre jogos de azar e transtornos psicológicos. (The Lancet Public Health Commission on gambling – Nov 2024)
Microtraição: seu relacionamento pode estar em risco
- Artigo publicado em: 10 março, 2025
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Em um mundo conectado pelas redes sociais e pela constante comunicação digital, os relacionamentos podem estar em risco e cada vez mais expostos a novos desafios. Entre eles, surge a Microtraição, uma forma sutil de desvio emocional que pode corroer a base de confiança entre casais. Mas o que exatamente é a Microtraição, e como podemos reconhecê-la? Convido a acompanhar neste artigo, onde explico quais são os principais pontos da Microtraição:
Para ilustrar o tema, vamos utilizar uma situação fictícia para que fique claro de que forma acontece a Microtraição:
O Dilema de Pedro e Márcia
Pedro e Márcia estão casados há 12 anos e têm dois filhos pequenos (6 e 9 anos). Sempre tiveram um relacionamento baseado no respeito e na parceria. Porém, nos últimos meses, algo mudou. Márcia (38 anos), reencontrou em uma rede social Adriano (40 anos), um antigo amigo de escola. No início, as conversas eram esporádicas, cheias de nostalgia e lembranças da adolescência. Com o tempo, passaram a trocar mensagens com frequência, compartilhar confidências e trocar elogios nas redes sociais. Márcia curtia e comentava quase todas as fotos dele, enviava mensagens privadas elogiando sua aparência e seu estilo de vida. Aos poucos, ela começou a esperar ansiosa pelas trocas e a sentir um vínculo emocional crescente.
Pedro (39 anos), por outro lado, percebeu essa mudança sutil no comportamento da esposa. Ele notou que ela passava cada vez mais tempo no celular. Algumas vezes, ao se aproximar, ela minimizava a tela ou bloqueava o telefone, sem que o marido pudesse participar. Intrigado e inseguro, ele acabou descobrindo as conversas por acaso quando viu uma notificação na tela do celular dela. Apesar de não encontrar nada explicitamente romântico ou sexual, as trocas de mensagens deixavam claro que Márcia estava emocionalmente envolvida com Adriano. Ao visitar o perfil deste homem, Pedro percebeu que Márcia havia curtido e até comentado em dezenas de publicações.
Desde então, Pedro sente um peso constante no peito. Ele não sabe como abordar o assunto e tem medo de parecer paranoico ou controlador. Para piorar, o casal está tendo intimidade de forma cada vez mais esporádica, chegam a passar semanas sem praticar sexo. Beijos e carinhos mais intensos também vão ficando mais raros. E a cada investida dele, a esposa não corresponde.
A angústia consome Pedro diariamente, e sua autoestima foi profundamente afetada. Ele começou a se sentir insuficiente, se perguntando se estava perdendo a conexão com a esposa. Sem coragem e energia para confrontá-la, Pedro mergulhou em um estado de tristeza e insegurança, questionando se isso era apenas um exagero de sua parte ou se realmente estava perdendo Márcia, mesmo sem que houvesse uma traição física. Ele viu pelas redes sociais e descobriu que Adriano era solteiro, sem filhos e que havia se divorciado recentemente. O que aumentou ainda mais sua apreensão!
Esse caso ilustra como a Microtraição pode ser devastadora, mesmo sem envolvimento carnal. O elo emocional que Márcia criou com outra pessoa, ainda que sem intenção de trair, acabou ferindo Pedro profundamente e abalando a confiança do casal. Situações como essa mostram a importância do diálogo e da definição clara de limites dentro do relacionamento.
Entendendo os detalhes e o que é Microtraição:
Tendo o exemplo acima em mente, vamos agora conversar um pouco sobre o tema, para que você reflita e entenda o que é Microtraição e se o seu relacionamento pode estar em risco:
A Microtraição refere-se a pequenos atos que, à primeira vista, podem parecer inofensivos, mas que, quando analisados mais profundamente, podem sinalizar um afastamento do compromisso emocional no relacionamento. Esses comportamentos incluem desde conversas secretas até interações online que são escondidas do(a) parceiro(a). A percepção da Microtraição varia entre indivíduos e culturas, o que é aceitável para um casal pode ser considerado uma traição para outro.
No caso fictício, Pedro acabou descobrindo detalhes e a extensão da situação, o que acabou piorando ainda mais a situação. Em sua cabeça o cenário estava traçado para perder Márcia, uma fez que Adriano estava divorciado, bem financeiramente e estava com uma conexão emocional forte com sua esposa.
O que não podemos, jamais, é normalizar essa troca de mensagens com outras pessoas, escondendo e desviando a verdade, como sendo algo normal e saudável. Não é! Pois um dos pilares fundamentais de um relacionamento é justamente a confiança e a cumplicidade! É importante lembrar que esses pequenos atos podem ter grandes impactos, principalmente se não forem discutidos de forma aberta. Pode desencadear até mesmo em uma separação!
Sinais Comuns de Microtraição
A Microtraição pode se manifestar de diversas formas, e reconhecer esses sinais pode ser o primeiro passo para lidar com o problema. Alguns exemplos incluem:
• Esconder ou omitir Interações: A pessoa passa a ocultar conversas no Instagram ou contatos online no Whatsapp, por exemplo. Usar senhas para impedir que o parceiro veja mensagens, ou minimizar a tela do celular quando o outro se aproxima. Ter mais de um perfil para conversar com outras pessoas. Apagar o conteúdo de conversas para que não fiquem registradas. Enfim, toda forma de ocultar esse comportamento.
• Flerte Virtual: Curtidas e comentários sugestivos em fotos de outras pessoas, trocar mensagens mesmo sem segundas intenções. Aquele “inocente” coraçãozinho ou comentário no Instagram de outra pessoa, qual é a função daquilo? Tem alguma outra intenção? Se o seu parceiro(a) visse iria entender? Questione o seu comportamento!
• Comparações Desfavoráveis: Comparar o(a) parceiro(a) com outras pessoas de forma negativa, como “Fulano faria isso melhor” ou “Ciclano nunca reclamaria disso”. A comparação econômica também, ao ver que “Beltrano está viajando para Europa” ou “Comprou um carro lindo”, e seu parceiro(a) não faz. As redes sociais são um extrato, bastante idealizado, da realidade. Ter acesso a apenas fragmentos da vida alheia não lhe dará a ideia do todo. Reflita se estiver fazendo comparações sociais e econômicas, mesmo que seja algo velado ou não falado.
• Intimidade Emocional com Terceiros: Compartilhar detalhes íntimos do relacionamento com colegas ou amigos, em vez de discutir ou dividir com o(a) parceiro(a). Abrir pontos do relacionamento a terceiros pode acabar sendo uma verdadeira armadilha para o casal.
• Ligação emocional com outras pessoas além do parceiro(a): De forma a pensar em vários momentos, querer conversar e até mesmo em detrimento de estar ou passar um tempo com o(a) parceiro(a) atual preferir conversar com outra pessoa. Neste ponto o casal pode, até mesmo, se afastar sexualmente e ter cada vez menos momentos de intimidade. A libido acaba sendo direcionada para fora do relacionamento o que pode aumentar ainda mais a desconexão do casal.
Lidando com o assunto no consultório durante a terapia
No dia a dia do consultório, é fácil perceber que esses “pequenos comportamentos” podem gerar insegurança e abalar a confiança dos casais, especialmente se repetidos ou ignorados em conversas sobre os limites do relacionamento.
Recebo com frequência homens e mulheres que descobriram essas interações “secretas” de seus parceiros. Muitas vezes o medo, a insegurança e as dúvidas fazem com que fiquem em silêncio. A ideia de não querer parecer paranoico ou controlador, reforça isso. Assim como é complexo lidar com uma traição “convencional”, lidar com a Microtraição também é um grande desafio para quem está sendo traído e deixado de lado.
Com o emocional abalado, sem forças para lidar com o que acontece, é frequente encontrar quadros de início de depressão. A pessoa ganha ou perde peso, passa a se cuidar menos, o sono cada vez pior e fica frequentemente doente. O emocional e os assuntos não resolvidos acabam sendo somatizados no corpo.
Fazer o resgate de quem está em sofrimento é um grande desafio na terapia! O primeiro passo é buscar ajuda, entender como estão seus limites emocionais e como tudo isso está interferindo na sua vida. Estar aberto a pensar e refletir, com uma terceira pessoa, no caso o psicólogo, sobre a situação atual do relacionamento e os possíveis desdobramentos.
Com o resgate psicológico em andamento na terapia, é hora de cuidar da autoestima! Cortar o cabelo, cuidar da pele, voltar a fazer atividades físicas e regenerar a saúde física e mental. Criar forças e energia, pois será preciso resolver o que está acontecendo no relacionamento!
Como Lidar com a Microtraição
Reconhecer os sinais é apenas o primeiro passo. Lidar com a Microtraição requer uma abordagem cuidadosa e um esforço conjunto do casal para reconstruir a confiança. Autoconhecimento e reflexão são essenciais para entender seus próprios limites e valores.
“Pergunte-se o que é aceitável para você e quais comportamentos o incomodam. Diálogo aberto e honesto também desempenha um papel crucial, é importante reservar momentos para conversar sobre inseguranças e desconfortos.“
Além disso, a comunicação não-violenta pode ajudar a expressar suas necessidades de maneira clara e respeitosa, evitando ataques pessoais e fortalecendo a compreensão mútua. Outro ponto fundamental é o estabelecimento de limites: juntos, vocês devem definir comportamentos que são inaceitáveis e prejudiciais ao relacionamento. Em muitos casos, a ajuda de um profissional de psicologia pode ser necessária.
É preciso criar estratégias e até um freio a comportamentos que minem e destruam o relacionamento. Fazer terapia é uma excelente ferramenta para reconstruir a confiança e promover uma comunicação mais clara e eficaz.
Para quem está praticando a Microtraição, algumas palavras:
A adrenalina e o mistério envolvidos nessa situação podem até parecer empolgantes no momento. O flerte discreto, as conversas escondidas e até mesmo a ideia de uma possível traição consumada criam uma ilusão de novidade e excitação. Mas já parou para pensar no que realmente está em jogo?
“Saiba que a traição emocional pode ser tão devastadora para um relacionamento quanto a traição física. Por experiência clínica, percebo que muitas pessoas consideram o envolvimento emocional com outra pessoa até mesmo mais doloroso do que a infidelidade sexual, pois afeta diretamente a confiança e a segurança dentro da relação.“
Relacionamentos têm altos e baixos, e alguns chegam ao fim naturalmente. No entanto, o grande problema aqui não é apenas a possibilidade de um término, mas sim a inconstância e a incerteza que esse tipo de comportamento gera entre você e seu parceiro(a). Será que vale a pena arriscar a estabilidade e o respeito construídos ao longo do tempo por momentos passageiros de euforia? Se você sente necessidade de buscar conexão fora do relacionamento, talvez seja hora de refletir sobre o que realmente deseja e, se necessário, buscar ajuda de um psicólogo para entender melhor seus sentimentos e tomar decisões mais conscientes.
Psicologia nas telas: O Impacto da Microtraição nos Relacionamentos
Embora a Microtraição possa parecer trivial, ela tem o potencial de criar rachaduras profundas na confiança de um casal. No filme Amor a Toda Prova (Crazy, Stupid, Love, 2011, dirigido por Glenn Ficarra e John Requa), vemos como pequenos desvios no comportamento de Cal (Steve Carell) e Emily (Julianne Moore) geram grandes conflitos. O distanciamento emocional, as mentiras não ditas e as comparações entre o relacionamento e outras pessoas resultam em uma crise no casamento. A história ilustra como a confiança pode ser abalada por comportamentos aparentemente pequenos, mas carregados de significados ocultos e segundas intenções.
Aqui estão alguns dos principais impactos da Microtraição que podemos refletir com este filme:
• Erosão da Confiança: Pequenos atos, como esconder mensagens ou flertar com outras pessoas, podem gerar dúvidas e insegurança, levando à desconfiança constante.
• Distanciamento Emocional: Quando a confiança é rompida, o casal pode sentir uma desconexão emocional, prejudicando a intimidade e o senso de cumplicidade.
• Desconexão emocional: É um veneno para o relacionamento. Os dias vão passando, a “poeira” vai ficando pelos cantos e o casal fica cada vez mais distante. Até que um dia, o lado que pratica a microtraição é descoberto.
• Conflitos Frequentes: As discussões sobre esses comportamentos podem se intensificar, gerando ressentimento e mágoa.
Conclusão
A Microtraição pode parecer inofensiva, mas seus efeitos podem ser devastadores para a confiança em um relacionamento. O segredo para lidar com esse desafio é a honestidade, o respeito e a abertura para o diálogo. Reconstruir a confiança é um processo, mas é possível com esforço mútuo e, quando necessário, a ajuda de um profissional.
Não deixe que o seu interesse em conversar ou ter amizades interfira no seu relacionamento. Combinem o que pode e o que não pode, ao invés de esconder e deixar a relação atual em segundo plano. Esteja pronto a recalcular o que o seu relacionamento atual significa e o quanto vale lutar por ele.
Não podemos entender ser normal trocar mensagens com outras pessoas e esconder, completamente, esse comportamento do(a) parceiro(a). Normatizar isso é um veneno para a vida dos casais e as redes sociais estão aí para mostrar. Quantas pessoas você conhece que já brigaram por contatos online? Pois é, perceba se você não poderá ser a próxima pessoa a passar por isso!
O ponto que fica e que gostaria que você absorvesse é que a Microtraição pode ser uma porta aberta, um caminho para a traição, a infidelidade conjugal, o estar fisicamente e ter intimidade sexual com outra pessoa fora do relacionamento. Questione-se sempre o que estiver fazendo, pois muitas vezes não há mais volta. Jogar fora uma relação de anos, com pequenos filhos, por uma simples aventura, é isso mesmo que você procura?
Está enfrentando dificuldades no seu relacionamento? Agende uma consulta e vamos trabalhar juntos para fortalecer sua relação e superar os desafios emocionais que podem estar minando a confiança!
Mensagem final:
Histórias como a de Pedro e Márcia são mais comuns do que se imagina, independente de gênero ou orientação sexual. No consultório, atendo frequentemente clientes que enfrentam dilemas como esse – tanto aqueles que se sentem traídos emocionalmente quanto os que não percebem o impacto de suas atitudes na saúde emocional do parceiro(a) e do relacionamento. A Microtraição pode parecer inofensiva à primeira vista, mas seus efeitos podem ser profundos, dolorosos e com graves consequências! Se você se identificou com essa situação, seja na posição de Pedro ou de Márcia, talvez seja hora de refletir sobre os limites do seu relacionamento e, se necessário, buscar ajuda profissional para trabalhar essas questões, a fim de restaurar a confiança e a conexão no casal. O mais importante é não sofrer em silêncio, procurar um psicólogo pode te ajudar a entender melhor o que está acontecendo!
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Para citações:
ARAUJO, Leonardo Fd. Microtraição: seu relacionamento pode estar em risco. In: LEONARDO Fd Araujo | Psicologia. 10 mar. 2025. Disponível em: https://psicologoemcuritiba.com.br/2025/03/microtaicao/ Acesso em: