Por que mentimos para o psicólogo?

  • Artigo publicado em: 11 novembro, 2013
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Não foi a primeira vez, mas essa semana um paciente me fez essa pergunta.

A resposta não é simples e vem coberta de significado. Para cada um, mentir tem um peso e uma consequência. Há aqueles que mentem simplesmente como uma defesa, outros que mentem para “ficar por cima” na história. Precisamos, no entanto, ressaltar que há a mentira pura e simples e ainda a omissão.

 

Mentir para o psicólogo é algo bastante comum, estamos já acostumados a isso, vez por outra o paciente acaba se traindo na mentira. Quando temos a sorte de ligar um momento ao outro, a sessão fica bastante rica de significados e símbolos.

 

É preciso comentar sobre a valia dos mecanismos de defesa. Estes são, em primeira instância, uma postura defensiva do ego perante o desconhecido ou o pouco conhecido. Por exemplo: a pessoa ainda não se sente segura de contar ao psicólogo que era promíscuo sexualmente na juventude. Acaba contando outras coisas que nem sempre são a verdade. Essa é uma tentativa do ego de ocultar e obscurecer conteúdos que até hoje ainda não são bem resolvidos pela pessoa. O que nos faz pensar, e hoje? Onde há a promiscuidade para essa pessoa?

 

Há ainda a mentira ao desmarcar ou remarcar um atendimento. Quando isso acontece, provavelmente, algum ponto nevrálgico foi atingido na sessão anterior. É uma pena quando o paciente foge da psicoterapia neste momento, pois é justamente esse tipo de movimento que acaba enriquecendo o processo terapêutico.
Já tive situações de pacientes que me ligam uns dias antes da sessão para desmarcar, dizem que vão viajar e que me ligarão assim que possível para remarcar. Quanto a isso, não temos muito o que fazer. Quando a pessoa sente-se segura de voltar e é sincera, o processo se reinicia com força total e com a integração de diversos conteúdos. Isso é bastante comum de acontecer. Há um tempo, ao retornar de uma “alta temporária”, uma paciente foi sincera o bastante e colocou que eu havia a magoado muito na sessão anterior ao dizer determinada frase sobre os fracassos em sua carreira. Trabalhamos bastante em cima disso, pois era um “foco irritativo” dela, algo central de sua história. Esse é mais um exemplo em que a mentira foi positiva. Mentiu dizendo que iria viajar por 15 dias, acabou “se dando alta” e voltou 4 meses depois disposta a elucidar o que ficou obscurecido
Em cima de mentir para o psicólogo, há ainda muita fantasia embutida. Como se nós, de alguma maneira, fossemos reprovar atitudes e pensamentos de nossos pacientes. Muito pelo contrário! Costumo sempre dizer: “- Você pode ficar tranquilo em me contar suas coisas, já ouvi de tudo! Não estou aqui para te julgar e sim para te ajudar a pensar e refletir sobre sua vida. Se existe um lugar certo para você se abrir e desabafar, é aqui, sentado em minha frente.”
Tenham uma ótima semana!!
Leonardo Fd Araujo
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Relacionamento, ciúme e o Facebook – Coluna do Leitor

Para inaugurar a Coluna do Leitor, vou trazer hoje a participação do R., um rapaz de 25 anos que tem uma questão sobre relacionamento amoroso, ciúme e o Facebook: 
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Olá Leonardo,

Tenho 25 anos, sou universitário, namoro há 1 ano e meio e minha namorada é muito ciumenta. Mesmo ela sabendo que sou um cara de respeito e que não fico de olho na mulherada, ela está muito grudada em mim. Esse grude está começando a me sufocar. Onde está mais complicado é com a internet e o celular. Ela fica querendo saber cada passo que dou no Facebook ou cada mensagem que recebo de qualquer pessoa que seja pelo celular. Gostaria que você falasse um pouco sobre esse tipo de ciúme!

Obrigado,
R. 
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Prezado leitor R.,

Um dos temas mais recorrentes no meu consultório estão relacionados a “posse” do outro. Percebo que conviver com as diferenças é o sentido mais puro de liberdade. Deixar que o outro seja livre para ser o que realmente é. Mas, o que vejo na grande maioria dos casos, são pessoas tentando fazer com que o outro se encaixe em um ideal de parceiro que é impossível. É preciso ainda “separar os corpos”!! 
Em um relacionamento há duas pessoas com características diferentes (ideias, personalidade, caráter, círculo social, emprego) e nunca haverá como acontecer uma FUSÃO entre essas duas pessoas. Quem nunca viu casal usando Facebook junto, por exemplo? É uma tentativa primária de fundir duas pessoas. Mais cedo ou mais tarde isso vai cobrar um preço, pois a liberdade e a individualidade podem e devem ser respeitadas para que o casal seja feliz.

 

Quer a sua dúvida comentada aqui na Coluna do Leitor? 
Escreva para mim!! atendimento@psicologoemcuritiba.com.br ! 
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10 dicas de como lidar com a raiva

  • Artigo publicado em: 2 setembro, 2013
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A raiva faz parte do nosso dia a dia. Ela é útil em alguns momentos e uma verdadeira catástrofe em outros. Para aprender a lidar melhor com esse sentimento tão invasivo, preparei algumas dicas para vocês! Espero que gostem!



Repense como você lida com a frustração

– Essa é uma característica de personalidade moldada desde a infância. A maneira pela qual lidamos com a frustração tem uma íntima ligação com a raiva. Se tivermos uma frustração muito tênue, rasa, a chance de lidarmos negativamente com as situações é muito maior. A fila do banco não está andando como eu gostaria, o carro da frente não dá passagem. Repense, vale a pena se mobilizar tanto assim e encarar o mundo com raiva? É bacana também conversar com alguém de confiança sobre isso.

Respire de verdade!

– A respiração é um dos mais fascinantes mecanismos da natureza. Através dela a vida se cria e restaura. O detalhe é que em boa parte do tempo temos uma respiração superficial e utilizando apenas a caixa torácica. Tire alguns instantes durante o dia para respirar de verdade! Inspire profundamente, neste momento é preciso que o abdômen se distenda. Em seguida expire vagarosamente e contraindo o abdômen. Faça isso ao menos 10 vezes, sem pressa. Não leva mais do que alguns instantes e os benefícios são percebidos logo em seguida. Lembre-se, o ar entra e a barriga “sobe”, o ar sai e a barriga “abaixa”.

Meditação e Relaxamento

– Ao contrário do que se imagina, meditar e relaxar não são atividades passivas. Demandam um grande autocontrole e a manutenção da atenção e do foco. Ao trabalhar esses aspectos, o indivíduo passa a se conhecer melhor e de quebra passa a encarar o seu cotidiano de maneira mais serena e tranquila. Diversas pesquisas demonstram os benefícios da meditação para o controle da raiva e para inclusive o tratamento da dor crônica.

Faça algo de forma diferente

– Volta e meia somos surpreendidos por momentos de instabilidade. Você já parou para pensar na maneira pela qual você reage a esses acontecimentos? Se você age sempre da mesma forma e algo dá errado, pode ser uma boa repensar a sua atitude. Temos uma tendência de fazer sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. É uma equação que nunca fecha. Portanto, faça diferente!

Tenha momentos de qualidade em família

– O final de semana foi feito para descansar e relaxar. Poder vivenciar momentos de qualidade com a família e os amigos é uma ótima pedida. Pergunte-se: qual foi a última vez que você realmente se divertiu? Se a resposta demorar a aparecer, é sinal de que está precisando relaxar. A vida não é só feita de momentos tensos e complicados. Aquele acontecimento especial ou mesmo engraçado do final de semana pode ser um bom antídoto para lidar com a raiva.

Pare e conte até 10

– Essa dica é bastante conhecida e pode funcionar muito bem. Provavelmente a sua origem seja uma famosa citação do norte-americano Thomas Jefferson: “Quando nervoso, conte até dez antes de falar, se estiver muito nervoso, conte até cem.”. A explicação é simples, ao contar até 10 ou 100 você está desmobilizando a sua mente e corpo, dirigindo o seu foco para outra atividade, no caso a contagem. Usar em conjunto com dica da respiração é uma boa pedida!

Escute mais, fale menos

– As palavras tem muita força. Dependendo do seu estado emocional atual, nem sempre será interessante despejar muita informação no outro. Portanto, respire e pense antes de falar. Lembre-se, se as suas palavras fluírem como flores, a chance de recebê-las de volta será grande. Caso fluam como flechas, dificilmente receberá flores como resposta. Costumo brincar dizendo que a natureza é sábia, nos deu dois ouvidos e só uma boca, deve haver alguma razão!

Procure não tomar decisões cruciais quando está com raiva

– Você está explodindo de raiva, quer mandar o chefe para aquele lugar e pedir demissão? Pare, repense, analise a situação. Nem sempre é interessante tomar decisões nestes momentos. Nada como uma boa noite de sono para recarregar as energias e começar um novo dia. Quem sabe amanhã você não tenha mudado de ideia? Caso contrário, pode ser tarde demais.

Culpe menos e perdoe mais

– Nem sempre responder a uma suposta provocação é a melhor saída. Passamos muito tempo culpando os outros pelas coisas e nos esquecemos de que estamos “todos no mesmo barco”. Tomou uma fechada no trânsito e o impulso de xingar ou mesmo de responder a agressão é grande? Já pensou em deixar para lá? Você não será melhor do que o outro porque grita mais alto ou porque fala o palavrão mais sujo, deixar a outra pessoa seguir o seu caminho pode ser uma boa saída.

Pratique uma atividade física

– Mesmo que você não tenha tanto tempo ou mesmo vontade de fazer algo mais elaborado, opte por caminhadas leves. A atividade física promove a liberação de hormônios prazer, como a endorfina. Atualmente é recomendado ao menos 20 minutos de caminhada todos os dias. É um ciclo virtuoso, a atividade nos faz sentir melhor, com isso o nosso sono tende a ser também melhor. Uma pessoa que dorme bem fica muito mais centrada e relaxada no dia seguinte. Toda e qualquer atividade física é válida, desde que seja respeitado o seu limite físico.

Leonardo Fd Araujo
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Entrevista sobre “Perfis Fake em redes sociais” – Jornal Comunicação On-Line

  • Artigo publicado em: 28 junho, 2013
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Com grande satisfação concedi uma entrevista ao Jornal Comunicação da UFPR. Um agradecimento especial à reporter Mariana Baú.
Segue abaixo a íntegra da matéria:
Perfis fake na internet podem trazer consequências graves
Informações falsas em redes de relacionamento são psicologicamente impactantes para os envolvidos
Comportamento | Publicada em 13/06/13 às 21:51
Reportagem Mariana Baú
Edição Luiza Mazurek
Atualmente, uma prática que se tornou comum entre os adolescentes é a criação de perfis fake em redes de relacionamento. Muitas vezes baseados em pessoas famosas e personagens de livros e filmes, os perfis nem sempre são apenas brincadeiras inocentes.

 

Fake é uma palavra de origem inglesa que significa “falso”. Essa prática serve, em geral, para esconder a verdadeira identidade do criador ou para homenagear um ídolo.

 

De acordo com o psicólogo e psicoterapeuta Leonardo Fd Araujo, a atividade pode ser saudável em casos como as homenagens. “Do ponto de vista psicológico, não haveria problemas”, afirma. Ele acredita que o adolescente cria uma máscara nas redes sociais  para se auto-afirmar, mas que é preciso cuidado. “É uma tentativa de chamar a atenção e uma busca por aprovação. Mas a partir do momento que tal perfil fake esteja prejudicando outras pessoas ou causando transtornos, acredito que seja algo grave”, completa.

 

“Se um adolescente cria um perfil falso se passando por um colega de escola e o usa para gerar conflitos e espalhar boatos, é algo bastante preocupante”, informa Leonardo Fd Araujo. Foto: Uol/Reprodução

Quando se passa dos limites     

 

Outros tipos de fakes também podem ser considerados uma forma de agressão praticada por quem se esconde atrás do perfil. Para imitar uma pessoa real, copiam o nome, as fotos, os amigos e todas as informações de outra pessoa, se passando por ela. Outras vezes, copiam apenas as fotos, com o nome e o restante das informações inventadas.

 

“Se um adolescente cria um perfil falso se passando por um colega de escola e o usa para gerar conflitos e espalhar boatos, é algo bastante preocupante”, informa Araujo. Nessas situações, as extensões dos danos causados não são consideradas por quem cria o fake. O psicólogo acredita que essas atitudes são amparadas pela sensação de anonimato e precisam ser reprimidas. “Caso esse adolescente não seja repreendido pelos pais, pode-se criar um sentimento de ‘pode tudo’, piorando ainda mais a situação”, pondera.

 

Você sabe com quem está falando?

 

Quem passou por alguma dessas situações, garante que a experiência é traumática. Mateus Yoshitani é um exemplo.  Ele conheceu uma garota chamada Amanda Assis na internet e começou a se relacionar com ela. A garota dizia ser do Mato Grosso do Sul e Mateus mora no Paraná. Ele viajou para Curitiba e encontrou, em um shopping, uma menina idêntica a Amanda. “No começo eu tinha ficado meio feliz, porque pensei que realmente tinha encontrado minha namorada por acaso. Mas eu achei bem estranho, porque ela é do Mato Grosso do Sul e não tinha motivo para estar em Curitiba.”, lembra.

 

A menina que Mateus encontrou era, na verdade, Mirella Buttura. Foi assim que ele descobriu que Amanda era um fake de Mirella. ”Eu fiquei muito triste com isso, descobrir que minha namorada não existiu foi muito difícil”, lembra o garoto. Mateus cobrou explicações de Amanda, mas isso não alterou o que o garoto sentia. ”Eu ainda não superei completamente. Todos os dias eu me lembro do que aconteceu”, conta.  Para ele, apesar do sofrimento, muita coisa mudou em sua vida. “Aprendi que eu não posso confiar muito nas pessoas. Aprendi que até mesmo a melhor pessoa do mundo pode acabar sendo a pior”, lamenta. Para Mirella, a situação foi um grande susto. “Uma pessoa chegar em você dizendo que você namora com ela, e você não estar sabendo de nada, não é normal”, explica.

 

Maria Eduarda Fernandes Dalzoto também viveu uma experiência desse tipo. Ela descobriu que criaram um fake no Orkut igual ao seu perfil original. A pessoa usou o mesmo nome, as mesmas fotos, e adicionou os amigos da garota. “Até perguntaram se eu mesma tinha feito para ter uma segunda identidade com as mesmas fotos”, conta.  “Me senti um pouco honrada pela pessoa ter feito um fake sem a intenção de me difamar, até parecia algum tipo de fã. Mas também me senti vigiada e perseguida, pois a pessoa que criou teve um grande trabalho pesquisando”, explica.

 

A garota não encarou a experiência como um trauma. Ela afirma que começou a ter mais cuidado com postagens de fotos pessoais, mas que não mudou os hábitos na internet depois do que aconteceu. “Não foi algo que me levou a mudar as minhas regras de publicações. Talvez se fosse algo que tivesse sido criado com má fé, eu até teria mais cuidado com o que postar”, conta. Mesmo assim, ela diz ter mais consciência dos males da internet. “Hoje em dia não temos como nos assegurar de que não vão roubar nossas imagens e fazer mau uso delas, mas eu prefiro continuar com o meu estilo de compartilhamento até que algum dia eu possa me arrepender.”, afirma.

 

O papel da família

 

Um perfil fake pode trazer sérios riscos para os envolvidos, mas muitos psicólogos acreditam que ele funcione também como uma “válvula de escape” para os criadores. Leonardo Fd Araujo concorda com a prática, desde que seja usada de maneira ponderada. “Se eu uso um pseudônimo ou um perfil fake, tem que ser algo pontual”, afirma. ”Por isso é tão importante que os pais mantenham um diálogo aberto em casa e orientem os filhos desde cedo sobre o que é certo ou errado”, completa o psicólogo.

 

Segundo ele, tudo é uma questão de limites. “Sempre costumo perguntar: você deixaria seu filho adolescente sozinho à noite no centro de uma grande cidade desconhecida? Na internet não é muito diferente, temos vários canais de comunicação bastante complicados e perigosos de lidar, alguns inclusive com conteúdo ilegal”, conclui Araujo.
 
Leonardo Fd Araujo
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