Viver conectado e suas implicações

  • Artigo publicado em: 29 junho, 2012
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Cada dia é mais comum o uso de smartphones, tablets e notebooks. Estar conectado para muitos é uma necessidade profissional, para outros é um modo de vida.
 
Será que não estamos deixando de lado as diversas nuances que a vida tem para nos oferecer? Até quando é “normal” ficar tanto tempo plugado?
 
Questões como estas são cada vez mais recorrentes em meu consultório. Muitos pacientes chegam com a queixa de inadequação social, como se a “vida lá fora” estivesse pesada para ser vivida. Ao trazer essa queixa, sempre questiono sobre o uso de redes sociais e internet. Quase sempre o uso é frequente ou muito frequente. A quantidade de horas despendidas em frente ao computador ou a qualquer outro dispositivo é cada vez maior. As relações antes vivenciadas ao vivo, agora ficam adiadas pela aparente proximidade on-line.
 
Não sou contra o uso de nenhum artifício tecnológico, pois eles em si não são culpados de nada. Se há algo “fora do trilho” é por culpa única e exclusiva de nós, seres humanos. As pobres máquinas são inanimadas, são meras interfaces.
 
Com esse tipo de queixa, questiono o verdadeiro nível de conexão que temos com as outras pessoas através da internet. Vejo que em boa parte dos casos, as relações ficam a estagnadas a algo superficial.
 
Há quem acredite que passar horas no Facebook, por exemplo, é uma maneira de estar junto aos amigos. Me desculpe, mas não é. Nada pode substituir um abraço, um aperto de mão ou o natural som da voz humana. 
 
Costumo definir uma fronteira do “normal” e do patológico na relação do homem com a internet. O “normal” é passar pouco tempo conectado, o suficiente apenas para trocar algumas informações com seus contatos e preferir vivenciar o restante ao vivo, diretamente com as pessoas. Do outro lado da fronteira, está o patológico, é quando o usuário passa a preferir ficar conectado a “viver a vida real”. Dando preferência a trocar mensagens com seus contatos do que vivenciar algo ao vivo.
 
Você pode estar se perguntando, mas como vou saber se já passei para lado de lá da fronteira?
A resposta é simples: se o usuário utiliza as redes sociais e acaba estendendo as relações com seus contatos para a vida real ou ainda dando preferência para esse tipo de amizade, está aceitável e “normal”. Agora, se você prefere passar um final de semana em casa sentado em frente ao seu computador teclando o dia todo, é um sinal de alerta, você pode ter passado a fronteira. 
 
Alguns sintomas podem servir de alerta para medir sua dependência em redes sociais e internet:
 
– Prefere ficar conectado a se relacionar com pessoas fora das redes;
– Utiliza o smartphone enquanto faz suas refeições e com isso acaba ignorando e deixando de interagir com quem está na mesma mesa que você;
– Utiliza enquanto está caminhando, deixando de observar as coisas a sua volta;
– “Fala” com quem está a sua frente sem olhar nos olhos e continua teclando no celular;
– Usa o aparelho na cama antes de dormir e acaba se esquecendo do seu parceiro(a);
– Em casa, passa horas em frente ao computador, tablet ou smartphone e deixa de interagir com os outros entes da família;
– Mesmo sem nenhum compromisso profissional, checa os e-mails várias vezes por hora;
– Esses sintomas também se relacionam a jogos on-line: dar preferência a jogar no computador/console do que jogar uma partida de basquete com a turma, por exemplo; 
 
 
Você, caro leitor, pode ter percebido que sempre utilizo o termo “normal” entre aspas. Isso se deve a ser um termo absolutamente genérico, porém de fácil compreensão didática. Aqui neste texto, o “normal” pode também ser entendido como o saudável.
 
Procuro sempre tranquilizar meus pacientes neste tipo questão que está se tornando cada vez mais recorrente. O primeiro passo é reconhecer que está se sentindo viciado em redes sociais e internet. Em seguida deve-se começar a viver e interagir com o meio. Isso mesmo! Dar um aperto de mão, um bom dia, observar as crianças correndo no pátio, o barulho do ônibus passando na rua. Sim, há muita coisa acontecendo à sua volta. Perceba esse mundo, sinta-o, viva!
 
E claro, tentar sempre reduzir o uso de redes sociais e internet. Procurar substituir essa “falta” com leitura, filmes e relações interpessoais, passar mais tempo com quem realmente se importa com você. 
 
Este é um tema fascinante, se você tem alguma questão, não deixe de comentar!
 
Uma frase que vale para todos os excessos:
 
“A diferença entre o remédio e o veneno, é a dose”
 
Tenham um ótimo final de semana!
Leonardo Fd Araujo
Psicólogo em Curitiba CRP 08/10907
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