Intimidade e conexão emocional: os desafios de um relacionamento saudável

  • Artigo publicado em: 5 abril, 2023
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Nessas quase duas décadas de clínica já tive a oportunidade de acompanhar uma infinidade de clientes, com seus mais variados temas e demandas. Posso dizer que a cada 10 clientes, 9 trazem o tema do amor como um dos pontos centrais da terapia.

Amar é uma necessidade humana, que cada um de nós vivencia de formas e intensidades diferentes. Aqui neste texto trabalharemos tópicos e reflexões importantes para pensar e repensar como anda a sua intimidade e a conexão emocional e os desafios de um relacionamento saudável com a pessoa que você escolheu viver e amar.

Acomode-se no sofá e boa leitura, vamos lá!

Intimidade emocional e conexão:

A intimidade emocional é um ingrediente chave para um relacionamento saudável e duradouro, e pode trazer muitos benefícios para a saúde mental e emocional dos parceiros envolvidos. Por isso, é importante trabalhar para construir e manter essa conexão ao longo do tempo, mesmo diante dos desafios e obstáculos que possam surgir.
A partir do momento que os parceiros são capazes de compartilhar seus pensamentos, necessidades, sentimentos e desejos de forma honesta e aberta, cria-se um espaço de confiança e segurança mútuos.

Além disso, a intimidade emocional também inclui a capacidade de se apoiar mutuamente, de mostrar empatia e compaixão, e de se importar com o bem-estar um do outro. Quando esses elementos estão presentes em um relacionamento, os parceiros são capazes de enfrentar os desafios juntos, de construir uma vida significativa e satisfatória e de criar uma base sólida para um futuro feliz e com realizações.

É importante lembrar que a intimidade emocional não se desenvolve automaticamente em um relacionamento. Ela requer esforço, tempo e dedicação por parte de ambos os parceiros. Isso pode incluir coisas como dedicar tempo para conversas profundas, fazer atividades juntos, aprender a ouvir e apoiar um ao outro e expressar gratidão e apreciação pelo outro.

Convido você a uma reflexão sobre a intimidade e a conexão emocional e os desafios para um relacionamento saudável:

A falta de comunicação clara, honesta e respeitosa pode criar mal-entendidos, conflitos e ressentimentos, prejudicando a confiança e a intimidade do casal. Ter um espaço para falar e colocar o que se está sentindo ou pensando é algo fundamental para criar e fortalecer a intimidade e a segurança emocional na relação. Comunicar-se usando ironia, brincadeiras de mal gosto e indiretas acaba abrindo espaço para outras interpretações.

Criar e reforçar expectativas irreais: quando um dos parceiros espera que o outro corresponda a expectativas impossíveis de serem atendidas, pode gerar frustração, decepção e insatisfação na relação. Esse é um caminho certo para se ter problemas. Costumo dizer que é uma rota certa para o abismo emocional. Depositar no outro suas aspirações e desejos de forma desmedida, uma hora ou outra, irá se mostrar uma verdadeira armadilha!

Ter consciência que existem diferenças, seja de personalidade, de interesses, valores e objetivos que podem acabar gerando conflitos, incompreensões e divergências, principalmente se não forem gerenciadas com respeito e empatia. Pontos de vista diferentes, maneiras de fazer as coisas no dia a dia, seja uma pequena ou uma grande diferença. O importante é deixar espaço para que a outra pessoa se expresse como ela é, do que gosta, do que pensa. Trabalhar a empatia, colocando-se por um instante no lugar do parceiro, pode ajudar neste quesito.

Ter a vida sexual ativa e satisfatória são um desafio para qualquer casal. O descompasso com o que se espera e o que a realidade entrega pode gerar frustração e afastamento. Criar uma linha de diálogo, oferecendo ao outro um espaço seguro para conversar sobre sexo, sem julgamentos ou cobranças, são caminhos para recriar ou reforçar a ligação a dois. Ter uma vida sexual satisfatória é muito importante para a autoestima e para autoimagem. Serve ainda para reforçar os laços do relacionamento, pois cria-se um momento especial para ser vivido a dois, fortalecendo sentimentos e emoções que ambos nutrem entre si.

O “abraço apertado” da rotina e da monotonia no dia a dia podem afetar o interesse, o entusiasmo e a paixão entre o casal, tornando a relação monótona e desestimulante. Ter o “dia do casal” para sair, se divertir, pode ser uma boa pedida. Cultivar memórias afetivas positivas podem ajudar a fortalecer a relação. Criar um ambiente de leveza e harmonia, colocando programas e situações diferentes do habitual, surpreender a quem se ama com uma surpresa, por exemplo. Que tal?

A falta de tempo e de atenção dedicados ao parceiro pode gerar sentimentos de negligência, solidão e desinteresse, diminuindo a conexão e a intimidade entre o casal. O famoso “amanhã eu faço”, “a semana está muito corrida”, enfim, deixar a relação em último plano cobrará o seu preço mais cedo ou mais tarde. Dedicar-se e lembrar com carinho do parceiro é uma demonstração de amor e cuidado. Lembrando sempre que essa deve ser uma via de mão dupla! Costumamos imaginar que precisamos de coisas grandiosas para demonstrar carinho e dedicação. Um bilhete no espelho desejando um bom dia, uma mensagem carinhosa até mesmo aquele bombom que você comprou na volta de casa, situações simples que podem demonstrar atenção!

Ter confiança no parceiro é um aspecto vital de qualquer relacionamento saudável. Quando um parceiro não confia no outro, pode gerar ciúme, controle excessivo e insegurança. Aqui temos os famosos “eu duvido que você esteja nesse lugar, manda foto”, ou ainda “eu sei onde você está, estou vendo na localização”. Nesses casos a insegurança e a falta de confiança abriram portas para o controle. Essas tentativas de controlar o parceiro, podem até ter um fundamento, baseando a insegurança em algo que aconteceu no passado. Porém, sem jogar ainda mais lenha, digo que pode até ser o estopim de algo pior. Quando o parceiro joga tanta desconfiança assim, é criado um ambiente hostil, em que nada do que “o outro fizer está bom” e ainda pode acabar levando o parceiro à “cumprir a profecia autorrealizável” que está sendo apresentada. De tanto ouvir que trai, que não tem como confiar na pessoa, esta vai lá e acaba realmente fazendo algo, como se “precisasse” mostrar que o parceiro tinha razão. Esse é um processo psicológico que pode acometer os casais.

Traição e a infidelidade são situações que podem causar profunda dor, trazendo desconfiança e ressentimento, afetando a confiança e a estabilidade do relacionamento. Situação bastante frequente na clínica, seja de quem traiu ou foi traído. Em ambas a situações o que vemos é uma total desconexão com o parceiro. Se a relação chegou a esse ponto é importante refletir se realmente é possível manter o relacionamento. Perdoar é humano, é algo que nós sabemos como fazer, porém, cada pessoa tem o seu limite emocional. Respeite o seu e procure resolver como será a vida depois da traição e da infidelidade. Lembrando sempre que pedir ajuda profissional em um momento como esse é muito importante!

Problemas financeiros relacionados a dívidas, falta de dinheiro ou diferenças de valores em relação a dinheiro, podem gerar estresse, ansiedade e conflitos entre os parceiros. Novamente aqui vemos a questão da expectativa. Se um dos parceiros deseja gastar e o outro deseja poupar, haverá uma dissonância neste tema entre os dois. Se mesmo com uma negociação não for possível chegar a um acordo, o conflito irá continuar. Falta de dinheiro é um ponto bastante sensível nos relacionamentos, uma vez que dependemos dele para fazer muitas coisas, inclusive para o lazer. Abrir uma linha de diálogo e planejar o que vão fazer adiante são posturas fundamentais nesse quesito.

Problemas de saúde física ou mental, como doenças crônicas, depressão ou ansiedade, podem impactar a qualidade do relacionamento e aumentar o estresse e a sobrecarga emocional para ambos os parceiros. Essa sobrecarga pode tão grande a ponto de levar um dos parceiros a romper a relação. É fundamental ter consciência do tamanho do desafio que será cuidar da saúde do parceiro. Em casos de depressão, ansiedade e outros quadros de ordem emocional, recebo com frequência a demanda de fazer um atendimento avulso com o parceiro. Esse contato é devidamente combinado com o cliente, e serve justamente para que o parceiro possa entender de que forma pode ajudar no tratamento.

Mudanças significativas na vida de um ou de ambos os parceiros, como mudança de emprego, mudança de cidade ou país, nascimento de um filho ou morte de um ente querido, podem afetar a dinâmica e a estabilidade do relacionamento. Um dos momentos mais estressantes na vida de uma pessoa é o da mudança. Uma simples mudança de bairro já pode ser o bastante para trazer instabilidade e dificuldade em lidar com as novidades daqui por diante. Outras mudanças na vida também trazem seus desafios. O mais importante é sempre trocar, se comunicar com o parceiro e expor suas dificuldades e o que está pensando ou vivenciando sobre o assunto.

A falta de compromisso e de investimento na relação pode levar à apatia, ao desinteresse e à falta de cuidado com o parceiro, diminuindo a intimidade. Como é que vou me ter vontade de transar com alguém que não está nem aí pra mim? Ou ainda com quem me trata mal, que não me coloca como uma das prioridades? Enfim, a falta de comprometimento com o parceiro irá levar ao desinteresse, com isso a falta de comunicação e em último caso pode até ser o catalizador de uma traição. Coloque em prática a forma como gostaria de ser tratado em cada situação, trabalhe a empatia (colocar-se no lugar do outro) e reflita se está agindo ou não de forma a trazer segurança emocional ao parceiro.

Como é feito o manejo do tema relacionamentos na clínica:

Na clínica a modalidade de atendimento que trabalho é a terapia individual. Quando o assunto é relacionamentos, fazer terapia pode ser pode ser uma ferramenta importante para ajudar a melhorar a qualidade da relação. Quando um ou ambos parceiros fazem terapia individualmente, cada um pode explorar questões pessoais que possam estar afetando o relacionamento. Por exemplo: a terapia individual pode ajudar a lidar com questões de autoestima, ansiedade, depressão, traumas passados ou problemas de comunicação.

Portanto, ao trabalhar em suas próprias questões pessoais, o parceiro pode se tornar mais consciente de como elas afetam o relacionamento e pode começar a fazer mudanças positivas em sua própria vida e por consequência levar isso para a relação. Esse movimento pode trazer benefícios e novas posturas para o dia a dia do casal. Isso pode incluir aprender habilidades de comunicação mais eficazes (a comunicação não violenta, por exemplo), estabelecer limites saudáveis (ter claro os combinados e os acordos do casal) ou ainda aprender a gerenciar melhor as emoções, entendendo quais são seus limites emocionais.

Além disso, a terapia individual pode ajudar a pessoa a desenvolver uma melhor compreensão de si mesma e de suas próprias necessidades e desejos, o que pode ajudar a melhorar a dinâmica do relacionamento. Costumo colocar que é preciso cuidar de si, da sua vida e daquilo que nutre seu interior, estar bem para viver ao lado de quem lhe quer bem! Essa nova postura pode incluir aprender a expressar suas próprias necessidades de maneira clara e assertiva, aprender a lidar com conflitos de maneira construtiva ou aprender a estabelecer metas compartilhadas para o relacionamento. Em suma: comunicação, comunicação e mais um pouco de comunicação!

Como funciona a terapia individual e de casal?

Depois de uma primeira fase e de um tempo fazendo terapia individualmente, pode ser que surja a demanda para que o casal faça terapia juntos. Nesse caso faço o encaminhamento a colegas que trabalham com terapia de casal. O importante é que ambos os parceiros estejam dispostos a participar e comprometidos em trabalhar em conjunto para melhorar o relacionamento.

Aqui vai uma orientação importante: o ideal é o terapeuta de casal seja outro profissional, diferente do que atendeu individualmente cada parceiro. É preciso criar uma nova aliança terapêutica, do zero, neste caso entre o terapeuta e o casal. Vale ressaltar que é frustrante quando apenas um dos lados está procurando ajuda para evoluir como pessoa e desenvolver um novo olhar sobre o relacionamento.

Uma vez iniciada a terapia de casal, é sim possível cada parceiro continuar com a sua terapia individualmente, mesmo com uma frequência menor (quinzenalmente ou uma vez ao mês). Não há uma regra para isso, tudo dependerá do manejo adotado pelos profissionais de psicologia. A terapia individual pode ser uma ferramenta valiosa para melhorar um relacionamento e pode ser usada em conjunto com a terapia de casal para obter ainda mais benefícios.

Um resumo do manejo de questões de relacionamento e as terapias individual e de casal:

Cada parceiro pode fazer terapia individualmente por um tempo – surge a demanda de fazerem terapia de casal – cada parceiro irá trabalhar isso individualmente com seu terapeuta – irão procurar um terapeuta de casal, diferente dos terapeutas que já trabalham – iniciam juntos a terapia de casal – podem continuar também suas terapias individuais, mesmo que seja com uma frequência menor (quinzenalmente, mensalmente ou de forma esporádica).

Uma dúvida que surge e é interessante compartilhar, como a psicologia entende os relacionamentos:

Na Psicologia Analítica:

Carl Jung tinha uma abordagem bastante interessante sobre relacionamentos. Jung acreditava que os relacionamentos são um reflexo das necessidades individuais de cada pessoa e que a busca por um parceiro é, na verdade, uma busca por completude e equilíbrio.

Neste sentido, Jung fala que os relacionamentos saudáveis são baseados na individuação, ou seja, no processo de tornar-se consciente de si mesmo e desenvolver a personalidade única de cada indivíduo. Em suma, é preciso entender que no relacionamento temos duas pessoas únicas, com suas fragilidades, habilidades, desejos e sonhos. Ele acreditava ainda que o objetivo final de uma relação é a união de duas pessoas em um relacionamento completo, no qual ambas as partes se sintam realizadas.

Para Jung há ainda o aspecto da sombra (partes obscuras, e/ou desconhecidas de nós) e que muitas vezes são negadas e reprimidas. Para ele o reconhecimento da sombra é importante para que a pessoa tenha um relacionamento saudável e equilibrado. Ao trabalhar esses pontos na terapia, a pessoa pode ter uma chance de criar estratégias para lidar com essas questões. Modificando posturas e até mesmo atitudes.

E a comunicação tão falada? Jung também ressaltava a fundamental importância da comunicação aberta e honesta como uma parte essencial de qualquer relação saudável. Trabalhar a compreensão mútua, construindo uma conexão emocional satisfatória e profunda.

Em resumo, Jung enfatizava a importância da individuação, da integração da sombra e da comunicação aberta e honesta como aspectos fundamentais para um relacionamento saudável e satisfatório.

Na perspectiva da Psicologia Positiva:

Quando falamos de Psicologia Positiva, um dos autores mais consagrados mundialmente é o psicólogo norte-americano Martin Seligman. Ele enfatiza a importância de trabalhar determinadas habilidades psicológicas que podem ser aplicadas aos relacionamentos, criando uma possibilidade de melhora-los e torna-los mais satisfatórios, trabalhando a intimidade e a conexão emocional.

Seligman defende que o bem-estar e a felicidade são construídos por meio do desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais, como a compaixão, resiliência e a gratidão. Ele acredita que essas habilidades são importantes para se ter um bom relacionamento, especialmente porque ajudam a cultivar a positividade e a empatia no relacionamento.

Além disso, Seligman defende a importância de valorizar e reconhecer os pontos fortes do parceiro em um relacionamento e trabalhar juntos para desenvolvê-los ainda mais. Ele também enfatiza a importância de ter metas e valores compartilhados, bem como uma visão compartilhada para o futuro do relacionamento.

Conclusão:

Espero que esse texto te ajude a entender que é sim possível construir um relacionamento saudável e duradouro, trabalhando a sua intimidade e a conexão emocional. Falamos sobre os principais desafios enfrentados pelos casais e oferecemos algumas reflexões de como superá-los. Falamos ainda sobre a importância e os benefícios da terapia individual para trabalhar questões de relacionamento. E ainda demos uma pincelada de como se dá o manejo entre a terapia individual e a terapia de casal.

Vimos que a terapia é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento pessoal, uma vez que permite que a pessoa explore suas emoções, pensamentos e comportamentos de forma mais profunda e reflexiva. Com o auxílio do terapeuta, o indivíduo pode se tornar mais consciente de suas limitações, medos e inseguranças, bem como de suas habilidades e potenciais. A partir dessa consciência, é possível trabalhar em si mesmo de forma mais efetiva, superando obstáculos e criando novas possibilidades para sua vida!

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Leonardo Fd Araujo
Psicólogo em Curitiba CRP 08/10907
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