” As pulseiras da discórdia “

Essa semana a polêmica foi lançada. Supostamente, crianças e adolescentes estariam participando de um jogo de origem inglesa chamado Snap. A prática consiste em usar pulseiras de borracha de cores variadas, mais conhecidas como pulseiras do sexo. Cada cor equivale a uma determinada ação no jogo. Acontece que essas ações têm um cunho sexual, podendo ser um risco para a juventude. Quem tiver a pulseira arrebentada por outra pessoa, terá que seguir o que a cor determina. Pode ir desde um beijo, até a prática sexual em si.

Na história recente temos diversos casos semelhantes de “organização sexual”. Nos anos 70 a comunidade gay de Nova York criou um código denominado hunk code, ou ainda bandana code. Consistia em usar no bolso de trás da calça lenços de cores variadas. Cada cor determinava uma ação sexual.

Nos anos 90 eram muito populares aqui no Brasil as festas da porca e do parafuso. Na entrada da festa, os rapazes ganhavam um parafuso e as moças uma porca. Em determinado momento da festa, começava a procura de quem estava com a peça correspondente. Quando o parafuso encaixava na porca, formava-se um casal. Se esses decidissem, ficariam juntos aquela noite.


Esses dois exemplos que citei, geralmente aconteciam entre pessoas maiores de idade, em bares e boates. O problema com o atual Snap ou pulseiras do sexo é que esse comportamento está se estendendo para a escola e para o cotidiano de crianças e adolescentes. 

Muitos adolescentes contestam a versão de que o jogo Snap seja voltado para o sexo, e dizem que a pessoa só faz o que quiser. Ao mesmo tempo, outros adolescentes colocam que é sim um jogo sexual, que a prática de sexo é o ponto central.

Como era de se esperar, pais e professores ficaram espantados com esse comportamento. Imaginar que até crianças estão usando as tais pulseiras, deixaria qualquer pai e mãe aflitos. Alguns colégios aqui de Curitiba já proibiram sumariamente o uso das pulseiras dentro do ambiente escolar. Em outros, a posição é de que o uso das pulseiras pode acarretar em situações embaraçosas e de risco, e alertam os pais sobre isso. O risco estaria fora do ambiente escolar, pois outro grupo que poderia usar o jogo e levar a criança ou adolescente a uma situação de perigo. Dentro da escola não seria o problema, mas sim fora dela.

A meu ver, as escolas estão tomando medidas pontuais, sendo que a verdadeira atitude deveria ser tomada em casa. O debate está lançado, muitos filhos terão que dar explicações nos próximos dias. Assim como muitos colégios terão que pensar em quais medidas tomar.

Mas afinal, usar ou não usar as pulseiras?

Essa é uma pergunta muito difícil de ser respondida. Depende de diversos fatores: idade, sexo, nível de diálogo em casa, nível de diálogo na escola, círculo de amizades e outros fatores.

Aos pais que não estão sabendo o que fazer, eu recomendaria cautela. Primeiramente tenha uma boa conversa com o seu filho, isso pode ajudar bastante. Lembrando-se de tentar manter sempre o mesmo tom, sem se exaltar e nem partir para atitudes mais impulsivas. Procure ouvir o seu filho, tente descobrir como é que o grupo dele está usando as pulseiras. É claro que você pai, e você mãe estão preocupados com a situação. Com receio de que seu filho esteja praticando sexo a partir de um jogo de adolescentes.

Se no seu entendimento o seu filho deve parar de usar as pulseiras, faça isso. Porém, esteja ciente que a maneira pela qual for tratado o assunto, o seu filho pode se interessar ainda mais. Há aquele velho ditado Tudo que é proibido é melhor”. Você mais do que ninguém conhece o seu filho, sabe como foi a criação e saberá por onde ir. Lembre-se apenas que a repressão cega e sem justificativas pode atiçar ainda mais a curiosidade.

Acredito que toda essa polêmica é reflexo do nosso estado atual de coisas. A geração de que hoje está com 10 a 18 anos, está sem referências. Estão completamente perdidos. Esse tipo de jogo é uma tentativa de reforçar a identidade grupal e individual. Outra questão bastante importante que essa polêmica me remete, é a da banalização do sexo.

No link abaixo, uma reportagem bastante interessante sobre o assunto!
Video: reportagem do ParanáTV 1ª Edição – 04/12/2009 – “O que dizem as escolas 

Mas o que você acha sobre as pulseiras?

Deixe seu comentário!

Tenham todos uma ótima tarde e um excelente final de semana!

Leonardo Fd Araujo CRP 08/10907
Psicólogo e Coach
Tel: 3093-6222

Rua Padre Anchieta, nº 1923, sala 909
Bigorrilho – Curitiba