Participação no site Espaço Thá – Entrevista sobre compulsão por compras

  • Artigo publicado em: 13 abril, 2011
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Compulsão por compras

Cuidados para não entrar em uma “bola de neve”.

Coleções primavera, verão, outono, inverno, liquidações, promoções e descontos. Somos bombardeados diariamente por informações tentadoras em vitrines de lojas, na tv e por e-mails. São tantas ofertas disponíveis no mercado que se você não tiver autocontrole, pode entrar em uma grande “bola de neve”, conseguindo dívidas sem fim e que só crescem.
A Espaço Thá conversou um especialista no assunto: O Psicólogo e Psicorerapeuta, Dr. Leonardo Fd Araújo. Ele também é autor do blog “Um Psicólogo em Curitiba“.
Então, vamos ao que interessa?
Qual o perfil que mais sofre com a compulsão por compras? Quais as suas características?
O perfil é variado. Homens e mulheres de todas as idades. O homem geralmente busca eletrônicos, roupas e carros. Já para a mulher, o apelo maior é por sapatos, bolsas e roupas. É claro que, os produtos adquiridos são variados, mas geralmente são consumidos os que têm um maior apelo de marketing ou que estão em promoção e liquidação. O compulsivo por compras quase sempre está com a vida financeira em desordem, com faturas de cartão de crédito atrasadas e com o cheque especial no vermelho. Esse quadro leva a problemas no relacionamento com o parceiro, podendo causar separação e em casos mais graves até mesmo o suicídio do endividado.
Geralmente quem compra por impulso é por que precisa suprir outra necessidade?
Vivemos em um tempo que você é o que você compra. O apelo pelo consumo é muito grande. Quem compra por compulsão tem um mundo de possibilidades a explorar, uma liquidação de shopping ou uma promoção relâmpago. Essas pessoas compram por que estão se sentindo deprimidas, tristes ou ainda com baixa autoestima. O momento da busca do produto, pagamento e aquisição geram uma infinidade de sentimentos, muitos relatam euforia, como se estivessem suprindo uma falta.
Como as pessoas podem saber se sofrem desse mal?
Os sinais mais importantes podem ser o endividamento e o acúmulo de itens comprados. Outro sinal é quando a pessoa sente uma necessidade incontrolável de ir às compras, como se algo de muito ruim fosse acontecer se algo não fosse comprado. O compulsivo também tende a esconder as compras da família e do parceiro, contraindo muitas dívidas e por fim pode acabar conturbando o relacionamento do casal. Vamos pegar um exemplo prático, uma mulher de meia idade tem um armário com mais de uma centena de pares de sapatos, muitos deles com pouco ou nenhum uso, muitas roupas na mesma situação, as faturas dos cartões de crédito todas estouradas e também está no vermelho com no cheque especial. Uma pessoa com essas características pode estar sofrendo de compulsão por compras.
Há alguma dica de autocontrole?
Como uma medida mais imediata, é tentar se livrar dos cartões de crédito e do cheque especial. Se não for possível, os entregue para alguém da família tomar conta. Evitar ir à lojas e shoppings, pois lá o apelo do consumo é muito grande. O essencial é buscar ajuda de um profissional para desabafar e iniciar um tratamento.
Quando deixa de ser apenas um descontrole e passa a ser um distúrbio?
O descontrole financeiro é uma realidade para muitas pessoas e famílias, porém, quando o foco deste está na compra exagerada de produtos sem a devida necessidade, é um sinal importante de alerta e a compulsão por compras pode estar instalada.
É considerado vício?
Há uma diferença entre o conceito de vício e compulsão. O vício é o contrário da virtude, ou seja, há um período de prazer seguido de um de dor. Já a compulsão é quando um comportamento torna-se repetitivo e impensado. A diferença é tênue, mas ela existe. O comprar compulsivo pode ser encontrado também na fase maníaca do transtorno bipolar, quando há uma exacerbação do humor com picos de alegria, e ao mesmo tempo há uma diminuição do julgamento dos atos cometidos. O comprar compulsivo pode ser encontrado também em pessoas com transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e ainda em pessoas que tem compulsão por colecionismo.
Como a família pode ajudar?
A família tem um papel fundamental no tratamento do compulsivo por compras. Eles podem ajudar cuidando e supervisionando a vida financeira do ente querido. Guardando talões de cheque e cartões de crédito, por exemplo. Tentar envolver o compulsivo por compras em outras atividades de lazer, como esportes e passeios. Deve-se evitar ao máximo ir às compras. A família pode também incentivar o ente a procurar um grupo de DA (Devedores anônimos), que nos mesmos moldes do AA (Alcoólicos anônimos) há uma troca de experiências entre os participantes, com isso há um sentimento de que “não é só comigo que acontece” e o quadro pode melhorar bastante. Paralelamente, o compulsivo deve procurar ajuda especializada, pois o grupo de apoio sozinho não tem eficácia completa.
Qual a sua opinião sobre esse assunto? Você conhece alguém que já passou por isso?
Para conhecer o site do Espaço Thá, clique aqui.

Tenham uma ótima tarde!
Leonardo Fd Araujo CRP 08/10907
Psicólogo e Coach
Tel: 3093-6222

Rua Padre Anchieta, nº 1923, sala 909
Bigorrilho – Curitiba